CIDADES INTELIGENTES - CIDADE DE 15 MINUTOS, CIDADES ESPONJA E RESILIÊNCIA URBANA - O QUE VOCÊ TEM A VER SOBRE ISSO ?

 Cidade de 15 minutos: a visão de Paris que tem inspirado um movimento global

 O que é uma cidade de 15 minutos?

Uma cidade de 15 minutos utiliza um modelo de bairros de uso misto, no qual os moradores estejam a 15 minutos de distância dos serviços essenciais a partir dos meios de transporte menos poluentes, como caminhada, bicicleta ou transporte coletivo. A partir de noções urbanísticas reconhecidas, o conceito de “cidade de 15 minutos” foi concebido por Carlos Moreno, professor da Faculdade de Administração da Sorbonne. O conceito é inspirado na ideia de “crono-urbanismo” – pensar nas cidades em termos de tempo, proximidade e ritmos diários e sazonais. A principal ambição desse modo de planejar as cidades é “consertar” o modelo urbano carrocêntrico.

Bairros mais fortes e participativos

Com a primeira onda dos bloqueios em decorrência da Covid-19 em 2020, a gestão de Hidalgo aproveitou o momento para dar o primeiro passo rumo à Cidade de 15 Minutos e ampliou o conjunto de ciclofaixas temporárias e o cronograma de fechamento de ruas para garantir mais espaço ao distanciamento social. Hoje, a cidade possui mais de mil quilômetros de rotas cicloviárias, incluindo ciclovias segregadas, ciclofaixas pintadas sobre o pavimento e faixas de ônibus que foram convertidas e atualmente são abertas para ciclistas.

Paris investiu na construção de infraestrutura cicloviária, incluindo mais de mil quilômetros de rotas. Um plano para o período 2021-2026 prevê o investimento de 250 milhões de euros em infraestrutura e amenidades para bicicleta ao longo dos próximos anos. (Foto: WRI)

Paris também focou em transformar estabelecimentos educacionais em centros comunitários para criar bairros mais saudáveis. A medida principal foi a abertura dos pátios de escolas e creches depois do horário comercial e nos finais de semana para oferecer aos moradores espaços públicos de lazer. A medida foi complementada por um programa de pedestrianização de ruas escolares com o objetivo de incentivar meios de transporte seguros e não motorizados nos deslocamentos até a escola.

O desenvolvimento urbano focado nos moradores tem provocado mudanças na forma como a cidade é administrada também. Novas medidas devolvem determinados aspectos e decisões políticas aos distritos municipais e suas subprefeituras. Paris criou oportunidades de participação para que os moradores de todos os distritos possam contribuir com o planejamento na escala dos bairros e obter melhorias como novos espaços verdes, embelezamento do ambiente urbano, mobiliário e infraestruturas de micromobilidade. Em 2021, a cidade também disponibilizou um orçamento participativo de 75 milhões de euros que os moradores podem distribuir entre os projetos a partir de votações.

Cidade esponja

Mas, afinal, o que é uma cidade-esponja? 

Cidade-Esponja é um conceito de cidade sensível à água, remetendo à situação na qual a mesma possui a capacidade de deter, limpar e infiltrar águas usando soluções baseadas na natureza”, define um artigo sobre o tema publicado pelo Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis (da sigla OICS, uma plataforma virtual de mapeamento e divulgação de conteúdos e soluções urbanas inovadoras em sustentabilidade apoiada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o PNUMA).

O objetivo das mudanças arquitetônicas e urbanísticas que fazem uma cidade entrar para o conceito sustentável de esponja é encontrar soluções que ajudem a absorver as águas de chuva – seja em “áreas livres ou construídas”, informa o OICS. A ideia também é recarregar os aquíferos e lençóis freáticos locais com essa água, bem como deixar o excedente de chuva escorrer para áreas possíveis de serem alagáveis, diz a fonte.  

A plataforma explica ainda que uma Cidade-Esponja deve ser “projetada para funcionar como uma floresta: portanto ela possui cobertura vegetal que sequestra carbono”, diz. Além disso, uma Cidade-esponja também se dedica à proteção e à introdução de biodiversidade para que sua estrutura funcione. 

Isso significa que áreas verdes com árvores e animais próprios podem surgir. “As cidades-esponja têm o potencial de contribuir para a melhoria de outros aspectos essenciais para a qualidade de vida, bem-estar e atração de empresas da nova economia ‘verde’ e criativa”, afirma a plataforma.

 

 Que elementos fazem uma Cidade-esponja? 

 São muitas as medidas que fazem uma cidade ser, de fato, uma Cidade-esponja.

·        Criação de áreas verdes de escape para a água, como áreas úmidas e parques alagáveis;
 

·        Reconstrução da margem dos rios com a retirada de concreto e a implementação de mata ciliar ou espaços verdes;
 

·        Implementação dos chamados “jardins de chuva”, áreas verdes espalhadas pelas cidades que, segundo a Elsevierreduzem o escoamento superficial em 25-69% e o pico de escoamento em 12-71%;
 

·        Criação dos chamados “telhados verdes”, que reduzem a taxa de escoamento da chuva no solo em 20 minutos. Ou seja, ela se dispersa da cidade de forma mais rápida;
 

·        Aderir à tecnologia de pavimento permeável, que “minimiza a fragmentação, as rachaduras e o assentamento irregular” das partes asfaltadas ou concretadas, já que também absorve água.

Cidades pelo mundo como Jinhua e Xangai, na China, Nova York, nos Estados Unidos, Berlim, a capital da Alemanha, e Copenhague, na Dinamarca – só para citar algumas – já aderiram a elementos que deram a elas características de esponja. A China é um dos países que mais investe em criar Cidades-esponja, com 16 cidades adaptadas dessa forma. 





 

Comments

Popular posts from this blog

VOCÊ CONHECE A TEORIA DAS ELITES ?

UNIDADES DE VIZINHANÇA ALTERNATIVA PARA O PLANEJAMENTO URBANO EM RIBEIRÃO PIRES

IMPLICAÇÕES ÉTICAS DO DILEMA DO PRISIONEIRO - O EQUILÍBRIO DE NASH